quarta-feira, 30 de abril de 2008

Elogio ao Amor

É uma noite quente e calma de Primavera. As estrelas e a lua nada nos dizem; limitam-se a acompanhar o nosso lento passeio. Embora as ruas estejam desertas os seus cabelos louros brilham de uma forma envergonhada, sempre que passamos pela luz de um candeeiro. Eu sinto a sua mão bem junto à minha e saboreio todos os pormenores daquele momento.
Não falamos. Apenas caminhamos de uma forma lenta, o que a mim me agradava imenso.
O silêncio que se partilha sem desconforto é algo de maravilhoso…
Mas rapidamente chegamos à entrada de sua casa. As nossas mãos continuam unidas e os nossos corpos estão tão perto que chego a sentir o seu calor. Inspirado pela cumplicidade das estrelas tento beijá-la, mas apenas sinto os dedos da sua mão que suavemente me tocam nos lábios.
- Não. Disse ela, não estragues este momento. Eu quero recordar-te assim, imaculado...

sexta-feira, 18 de abril de 2008

domingo, 13 de abril de 2008

Porque insistes?

Porque insistes?
Eu já quase tinha esquecido.
Porque insistes?
Eu já quase que recordava alguns (poucos é um facto) momentos que contigo vivi.
Mas não.
O abismo para ti não é suficiente.
Pois muito bem. Tens o meu ódio também.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Casa

Em casa deitei-me no chão da sala. Fiquei bastante tempo a fumar cigarros e a olhar para o teto. Esperava que este caísse sobre mim, mas sabia que nada iria acontecer. Estranho como os meus desejos nunca se concretizam...
Devia comer qualquer coisa ou fazer alguma coisa na minha vida. Mas uma inércia irreal toma conta de mim. Nem simplesmente conseguia odiar aquela criatura, portadora de mamas raquíticas, que me abandonou.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Ana S.

Por mais que eu tenha uma vida e tu outra, não é de qualquer forma necessário votar-mes a tamanha indiferença. Falaste-me há dias em tentarmos estar mais próximos. Eu expliquei-te que me sentia repudiada por ti. E sinto-o cada vez mais. Sempre que tento dar um passo, estendes a perna e estatelo-me no chão. Caio, caio, caio, sempre. É sempre assim , não é? E não digas que não tiveste intenção. Não me menosprezes dessa forma. Eu não sou parva. As coisas não me passam assim tanto ao lado. Mas pronto. Coisas que acontencem. E de qualquer forma não interessa. É sempre assim não é."
Ana S. 11 de novembro

domingo, 6 de abril de 2008

THX 1138

Ainda se lembram deste Lucas?

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Aqueles que carregam

Aqueles que carregam
A morte nos braços
Como quem carrega um filho
Inconsciente
São apenas o reflexo
Da mediocridade
Que nos consome a todos

Não acredito que se possa viver
Sabendo que já se nasceu morto

Carolina

O sol
Timidamente penetrando
A janela
Enchendo o ar que nos rodeia.
O gosto amargo
Do café,
O travo seco
Do cigarro
E ela à minha frente...

O sol no seu rosto,
Iluminando o seu olhar.
Sinto que devia estar grato,
Mesmo feliz.
Mas não consigo abstrair-me desta dor
Deste vazio...

Ela sorri...
Sinto o travo seco do cigarro
E esboço um sorriso...

Fernando

Lentamente a noite deu lugar a uma madrugada encharcada em álcool e anfetaminas.
Caminhávamos ao sabor do vento pelas ruas húmidas da cidade. Um frio polar congelava o fumo dos cigarros em volta do rosto criando uma estranha composição enriquecida pelas luzes veladas dos tímidos candeeiros. O cansaço ainda era uma distante memória, mas os nossos corpos começavam a ganhar consciência da noite que ainda não tinha acabado.
Naqueles dias a vida era povoada de dúvidas. Mas eram dúvidas carregadas de doçura por permitirem ainda a esperança.
Só em casa dele quando já tínhamos comido e contávamos os cigarros que ainda nos restavam Fernando falou nela. As palavras dele não tinham amargura apenas uma leve resignação, que na altura me pareceu, sem eu perceber porquê, mais preocupante.
O travo forte e encorpado do Vinho que bebíamos turvava-me os sentidos e tudo me parecia incrivelmente distante como se eu observasse a realidade de fora, fazendo e ao mesmo tempo não fazendo parte dela. E o Fernando falava nela contava-me os pormenores mais íntimos do corpo dela, elogiava a voz, o toque e a inteligência.
Tudo que ele falava fez-me recordar a minha própria miséria e dei por mim a pensar que nunca tinha sido importante para ninguém. Seria sempre a roda suplementar, perfeitamente dispensável, de um mecanismo que apenas dependia de mim quando alguma parte desse sistema falhasse, durante o período de tempo necessário a manter em funcionamento o mecanismo.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Carolina

2
Há no vento frio que corre
A esperança de dar descanso
Ao corpo e à alma
Não sei precisar qual deles
(corpo ou alma)
Apodrece mais rápido
Sei no entanto reconhecer os sinais de abandono
Que tomaram conta de ti
Vejo sempre a tua imagem
Embora esqueça por vezes
De ver o teu corpo

terça-feira, 1 de abril de 2008

Carolina

1
É profunda e longa
A madrugada
Ressurgida sobre o vazio
E sobre a ausência
Ambos sabemos que a amargura
Da distância
É feita sobre ténues lençóis
Rasgados pelo peso de odores
Quentes e fétidos
Embora tenham sido um dia fluidos
De paixão