segunda-feira, 31 de março de 2008

Sei que encontrámos o fim

Sei que encontrámos o fim.
Assim como sei
Que já nada tens para me dizer.
Tudo isso eu sei, mas
Saber em nada ajuda.

Há momentos em que a tua morte seria uma bênção…

the killers why dont you find out for yourself

quinta-feira, 27 de março de 2008

Babylon 5 Total War

A pensar no amigo Carlos...

sábado, 22 de março de 2008

Atrás das roupas

Atrás das roupas nada há
Apenas dois corpos
Que na corrente da insegurança se fitam

Atrás dos corpos nada há
Apenas duas mentes
Que na corrente da insegurança se fitam

Ainda assim eles insistem em continuar
Levando à exaustão
Todos os valores
Esquecendo a insegurança e a falta de diálogo

Estranha Aranha

A SIDA não é o único problema...

sexta-feira, 21 de março de 2008

Escadas

Certo dia estava eu, como quase sempre, sentado com a Eva nas escadas de entrada do seu prédio. A dada altura passou por nós uma rapariga de chapeu preto...
- Olha, é a irmã do João – disse a Eva, – sabes quantos anos tem?
- Não faço a minima ideia – disse eu com pouco interesse em saber a idade da criatura que passava.
- Tem 13 anos.
Eu deveria ter dito qualquer coisa engraçada, qualquer coisa como: “porra as criancinhas hoje andam a crescer muito rápido, qualquer dia ninguém as apanha...”. Mas nada disse.
-Já viste, ela é mesmo bonita. – Insistiu a Eva.
Olhei, mas, talvez por estar apaixonado pelas escadas ou por ela ir de cabeça baixa a olhar para o chão, não reparei muito na beleza dela. Hoje sei como estava errado.
- É mais ou menos... não é muito o meu género – disse eu cada vez mais cansado da conversa.
É engraçado pensar se a Eva se lembra desta situação...

quinta-feira, 20 de março de 2008

Ana era o seu nome

No fim da tarde fui ao "Capri". Pedi uma cerveja (já estava bêbado, para quê parar agora?). Numa mesa ao canto do café estava uma rapariga que eu só vi quando ela se levantou e se dirigiu a mim. Perguntou se se podia sentar e eu disse que sim. Sempre era melhor partilhar a ausência de neurónios na companhia de uma bela mulher, do que estar só com essa estranha forma de vazio. Tinha falado com ela duas ou três vezes, só porque ela vivia no prédio em frente do prédio da puta que me tinha deixado, mas que eu amava. A rapariga falava e sorria, mas eu sinceramente quase não ouvia o que ela dizia. Só conseguia pensar que ela era demasiado bonita e, infelizmente, demasiado nova.
Tinha o rosto e os braços bastante queimados o que me fez recordar que era Verão. Mas o que me impressionava mais eram aqueles olhos azuis de uma profundidade marítima.
Ana era o seu nome e quando lhe perguntei a idade confirmei as minhas suspeitas que poderia ser preso se a levasse para a cama.

Abertas as águas

Abertas as infindáveis águas deste mar
Um novo e perpétuo
Destino
Aguarda os andarilhos
Circuncizados
Mentalmente
Perpetuamente

Cinzento
E deserto o espaço em ti
Há uma linha e um destino
Pontos intermédios
De paragem

Vento agrava a desolação
Nada é mais que
Este abandono e miséria

Porque te abres
Dessa forma a quem te não merece
Porque és
O Destino que se esconde
Em cada palavra
Que penso

quarta-feira, 19 de março de 2008

Glória

Esta é minha maior glória;
Ser poeta...
Estar vivo
E não viver.
Sentir,
Sentado, a dor daqueles que desconheço.
Estar só ainda que acompanhado,
Sofrer e desejar, acima de tudo,
Ser amado.

Esta é minha maior glória;
Ser poeta...
Estar morto
E viver.
Recordar em cada passo a dor que senti,
Abandonar a vida
Ainda que preserve esta esperança;
Procurara alguém para amar
E ser amado

terça-feira, 18 de março de 2008

Exposição

Aconselho a todos aqueles que perderam a inauguração desta exposição e que tenham oportunidade para que se dirijam ao Centro de Artes Visuais de Coimbra.
Michael Borremans, artista belga que se dedica à pintura e ao desenho claramente figurativos de origem fotográfica, tem vindo a merecer uma atenção crescente da critica internacional, com exposições efectuadas em algumas das mais prestigiadas instituições europeias e americanas. A sua obra, sendo oriunda da tradição surrealista da Europa central, possui uma intensidade que o tem vindo a colocar ao lado de pintores como Luc Tuymans e uma estranheza matizada com uma mestria técnica que ironiza a grande tradição pictórica. Nesta exposição, Borremans apresenta também um conjunto de filmes inéditos que tratam os mesmos temas da sua pintura e desenho.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Primeiro Final

Foi numa tarde de Julho que ela concretizou os meus piores receios…
O Verão submetia-nos à sua real dimensão. Estávamos os dois sentados no sofá de minha casa tentando espantar o calor que insistia em dar uma consistência gelatinosa aos nossos corpos.
Ela trazia no rosto a marca de cemitérios e de funerais, aniquilando desta forma toda a esperança (que agora só a mim fazia sentido) num futuro. Como ela não conseguia falar foi necessário que a pressionasse até que ela disse:
-Eu adoro-te, mas já não sei se te amo. As palavras tinham ainda o sabor do mel, mas eram frias, distantes e afiadas como uma navalha de capar grilos ou porcos.
- Não quero que me adores, disse eu. Não me adores. Prefiro ter o teu amor ou o teu ódio, porque ser adorado implica distância e eu quero-te sempre perto de mim.
-Lamento muito, mas não posso. Nos olhos dela nasciam lágrimas azuis e transparentes. Não sabes como eu lamento, mas não consigo viver com uma pessoa que não tem objectivos nem sabe lutar.
Cheguei a pensar rebater as conclusões dela e dizer-lhe que apesar de não lutar, nunca deixei de ter objectivos, nunca deixei de sonhar, mas achei que não valia a pena, que ela tinha tomado a decisão que achava mais correcta e que não voltaria a trás.

Nessa Noite sonhei com Sereias e Barcos naufragados mostrando sinais de rombos de esperança no Casco.

sábado, 1 de março de 2008

Setembro

Em Setembro regresso a Coimbra. Enquanto passo junto à escola primária dos Olivais vejo a Carolina sentada na paragem de autocarros. Falo com ela. No entanto, ela está queimada e distante, pouco fala e pouco manifesta. De qualquer forma ela estava de partida para algum lado e eu estava satisfeito por poder por fim desenvolver a minha relação íntima com as pedras da calçada que tantas saudades me deram.